segunda-feira, 17 de maio de 2010

Com vontade de ti - parte I

Acordei hoje com vontade de ti, ainda os olhos estavam fechados e já o teu corpo nú passeava na minha mente, conhecia de cor cada traço do teu corpo, embora apenas tivéssemos juntos uma só vez… mas tu não és vinho rasca que se bebe de um só trago para nem sentir o gosto amargo que fica na boca… não… tu és casta única, em que cada trago nos faz sentir Deuses, pois só os Deuses tem poder para desfrutar de algo tão divinamente bom e inesquecível… Decidi portanto apreciar o que tinha no colo e bebi-te pacientemente, saboreei-te em cada toque, em cada beijo, em cada gota de vinho que deliciosamente fazias escorrer em ti…

A noite tinha chegado ao fim quando caímos de cansaço perdidos nos braços um do outro, envolvidos no calor da paixão que ainda se fazia sentir, encharcados num suor delicioso tão nosso… adormecemos com a pele húmida, sem vontade de apagar os vestígios da paixão que tínhamos vivido naquele quarto. E agora ao acordar tu já não estavas aqui apesar do teu lugar junto a mim ainda estar deliciosamente morno, a sussurrar o teu nome com prazer… Deixei-me escorregar lentamente para o lugar onde as marcas do teu corpo ainda se faziam sentir, para me deixar ficar um pouco mais em ti, deixar prolongar a memória daquele prazer a dois, mesmo contigo ausente. Ao faze-lo fui capaz de te sentir o gosto, o cheiro, o toque quente da tua pele na minha… e de repente, um arrepio percorreu-me o corpo ao lembrar-te… ao lembrar nós dois nesta cama… as loucuras, as horas de amor em que nos perdemos um no outro, em que ninguém saberia distinguir onde acabava o meu corpo e começava o teu… nossos cheiros misturados, criando uma fragrância única a paixão e desejo… a loucura regada de amor.

Levantei-me e saí do quarto tal como vim ao mundo… para quê vestir roupa, quando me vestia de ti… de nós. Ao entrar na sala vi os vestígios deixados por nós na noite anterior… velas de odor a canela espalhadas cuidadosamente na noite anterior quando disseste que sim ao meu convite para jantar, dois copos de vinho meio esquecidos entre as pétalas de flores agora murchas… hum, que bom recordar aquele brilho no teu olhar ao chegares e veres o carinho com que tinha decidido seduzir-te. Sim… porque tinha decidido seduzir-te e tu sabias desde o segundo em que te convidei para jantar… só não sabias que tinha decidido mostrar-te que não eras apenas mais uma conquista… que valias a pena tudo e mais um pouco… que o teu olhar quente fazia-me querer mais do que um olhar… esse teu cheiro não me saciava os sentidos… antes pelo contrário, fazia-me querer cheirar-te mais… e que os teus lábios deliciosamente molhados faziam-me querer passar uma noite inteira a beber-te, a saciar a minha sede que mais parecia vicio, quanto mais te bebia mais sede tinha… Hum que vontade louca de ter-te outra vez aqui… tu não sabes, mas acordei com vontade de ti e nada, nem ninguém me sacia esta vontade, só tu.

Ouvi um barulho vindo da cozinha e pensei que a empregada tinha chegado bem cedo hoje… que pena… ia roubar-me o teu cheiro, os vestígios da nossa noite mais cedo do que gostaria. Decidi voltar ao quarto para me vestir, não estava propriamente apresentável, quando ouvi tua voz chamar por mim… Corri ao teu encontro, tal qual adolescente… Vi-te sem roupa também, visão absolutamente fabulosa… ainda por cima cozinhavas, tinha coisa mais sensual do que ver alguém cozinhar sem roupa, despreocupadamente natural… preparavas o pequeno-almoço… hum… estava no céu. Cheguei por trás de ti e abracei-te, deixei que o meu corpo se arrepiasse novamente ao contacto com o teu e numa fracção de segundos o desejo voltou arrebatadoramente. Arranquei-te ao fogão, beijei-te sofregamente e sem pensar em mais nada deitei-te no balcão da cozinha… queria-te em mim novamente e possui-te outra vez, logo pela manhã a começar o dia… possui-te com vontade, com desejo, com paixão… com amor. Quando nossos corpos se fundiram outra vez e caí de rosto exausto mas satisfeito no teu peito, disseste-me quase em surdina…
- Bom dia meu amor…
- Bom dia…
- Dormiste bem? – perguntou.
- Deliciosamente bem e já agora para que saibas… Acordei com vontade de ti.
- A sério?? Ainda não tinha percebido. – disse numa gargalhada doce mas satisfeita.


por Isabel Reis
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