sábado, 3 de abril de 2010

Sou feliz...


Sou feliz com o que tenho, mesmo não tendo o que um dia sonhei ter… sou feliz pelo que já tive, mesmo quando tive o que sonhava e afinal não era bem o que julgava ser, sou feliz quando lembro o que desejei mas não alcancei, quando relembro o que amei e fui amada, mas também quando lembro o quanto amei mas fui ignorada… lembro as felicidades que tive, que tenho e que talvez ainda tenha para viver… lembro o quanto já sofri, o quanto sofro e o tanto que se calhar ainda tenho para sofrer… quem sabe mais do que para ser feliz... no entanto com todos os prós e os contras que me estão destinados… apesar do tudo que tenho e não tenho, do nada que não chegou a ser meu e do nada que foi… apesar disso de uma coisa tenho certeza… SOU FELIZ.

Sou feliz pela vida que corre em mim, pelo ar que respiro, sou feliz porque estou aqui e enquanto aqui estiver posso dar todas as cabeçadas do mundo, que mesmo assim enquanto o sol nascer para mim, tenho sempre um novo dia para viver, uma nova oportunidade para me redimir, uma nova chance de ser o que sempre quis, ou quem sabe ser o que nunca sonhei… uma nova chance de dar, de estar, de amar… uma nova chance de viver… uma nova chance de SER.

Por tudo isso eu digo… SOU FELIZ… e todos devemos ser felizes, até mesmo quando choramos, quando sofremos… até mesmo quando morremos. Devemos ser felizes “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza”, na vida e na morte… porque no intervalo de tudo isso todos nós tivemos a oportunidade de estar cá, de ser gente… Cada um fez/faz da sua vida aquilo que lhe convém, ou que lhe é permitido… mas no fim de tudo devemos sempre lembrar-nos que mesmo que não tenha corrido bem… a oportunidade foi-nos dada…

Fomos gente, neste universo tão imenso, do qual sabemos/ conhecemos tão pouco… e a dádiva da vida é isso mesmo, uma dádiva… as dádivas agradecem-se sempre… eu agradeço sendo feliz… SOU FELIZ de ser um SER.


por Isabel Reis
todos os direitos reservados

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Estações da Vida


Todos nascemos Primavera… caminhamos inseguros, com passos incertos vemos a erva nascer, as flores desabrochar, as árvores ganharem cor e vamos caminhando… caminhando, esperando encontrar sempre flores pelo caminho… mas os passos são incertos, frágeis, sem a sabedoria que só a caminhada nos proporciona, e aí vamos nós de encontro ao Verão, tropeçando nas pedras que simplesmente vem ao nosso encontro, fugindo dos ventos frios que teimam em surgir, tentando evitar as chuvas frias tão próprias da estação. Mas vamos em frente, mais seguros a cada manhã de que o sol está a chegar e com ele o calor do Verão, a juventude da vida, a inocência de quem julga que já sabe tudo… mas ainda não sabe nada… e o que sabe é tão pouco que bater nas paredes é coisa certa… é a lei da natureza enquanto o Verão chega… enquanto a vida se desenrola.

E chegou o Verão… aí estamos nós com toda a força… julgamos ser capazes de tudo… e assim com essa confiança até somos, embora por vezes o mais sábio é sossegar os impulsos e esperar mais um pouco que o calor fique mais firme, que traga com ele o ar quente logo pela manhã… mas quem quer esperar, quando dorme sonhando com a praia, quando acorda saltando para os calções, pegando na toalha e correndo para a praia em direcção ao mar azul… sonhando um dia alcançar-lhe o horizonte. Tolice… tolice tão própria do Verão, ninguém é capaz de tocar no horizonte, mas na ânsia em lá chegar, vamos passando pelo Verão colhendo aventuras… boas, más, de tudo um pouco… mas que nos encaminham mais firmes, fortes e principalmente mais sábios para outra estação da vida… porque na lógica da natureza, o Verão traz sempre no seu encalce o Outono de folhas multi-cores.

E tão entretidos estamos que o Outono chega sem darmos por ele… quando percebemos o Verão já se foi e resta-nos agora relembrar e seguir em frente… vemos as folhas mudarem de cor, ficarem douradas, caírem e nem nos lembramos da sorte que temos… chegamos até aqui, infelizmente nem todos podem dizer o mesmo. No Outono da vida já somos mais… mais conhecedores, mais experientes, mas vividos, mais felizes… ou talvez não… depende do que fomos e vivemos até chegar ali… mas no geral já somos mais… até já somos mais pacientes, já ansiamos porque o tempo corra mais devagar, enquanto amaldiçoamos o tempo em que só pedíamos para o tempo correr depressa, tal era a urgência de o viver todo de uma vez. No Verão somos pouco e julgamo-nos mais, no Outono já somos mais e ainda nos parece pouco. Enfim… o ser humano é um insatisfeito, mas já é algo tão intrínseco em si, que faz parte da sua natureza… como uma estação da vida.

Caminhamos para o Inverno numa dualidade de sentimentos porque fazemos a caminhada na esperança e tentativa de resgatar o Verão, incapazes de aceitar o que temos… incapazes de aceitar o que já não somos mais… Na estação fria da vida, em que as folhas já quase não restam nas árvores, em que os ventos nos fustigam cruelmente relembrando o que já fomos, vivemos apenas rodeados de lembranças… lembranças que fomos recolhendo em cada dia de sol, em cada raio de luz, em cada chuva e folha caída… Na estação fria em que a noite chega depressa, em que o dia é apenas um vislumbre, os que ainda estão na Primavera, no Verão e até no Outono sorriem gozando, (nem imaginam que também um dia chegará a sua vez) e chamam-lhe insanamente a Estação Dourada da Vida… que de dourado não tem nada, é simplesmente a tomada de consciência que não tivemos antes, que o fim se aproxima… pode chegar a qualquer momento, tão depressa quanto as estações foram e vieram…

por Isabel Reis
todos os direitos reservados

quarta-feira, 31 de março de 2010

O Depois...


Vejo a chuva cair lá fora… sinto-lhe o gosto na boca, embora as suas gotas frescas não cheguem até mim. Sinto o odor da terra molhada, dos frutos caídos pelo chão e relembro… Relembro aquela tarde ranhosa em que tudo começou, em que deitados na erva fria ainda molhada, ficamos juntinhos a olhar o céu cinzento, esperando que o sol se lembrasse de aparecer e que a chuva se esquecesse de cair… incapazes de nos olhar de frente, incapazes de dizer o que verdadeiramente sentíamos, mantendo uma conversa trivial para que o silêncio não aumentasse o nervosismo que se havia instalado. Estávamos tão nervosos os dois que quase podia jurar ter ouvido o teu coração bater, enquanto a medo tentava disfarçar o batimento do meu… já bastava as faces ruborizadas que sabia ter.

Falávamos do tempo, da vida, de tudo e de nada ao mesmo tempo, conhecendo-nos demoradamente, incapazes de reter tudo que ouvíamos, fazíamos de um tudo para esquecer o desejo que nos fazia apenas pensar/ansiar por um beijo… aquele beijo… o primeiro de todos, que nos leva através do desconhecido, que nos dá a conhecer os sabores, os odores, o jeito tolo de beijar sem saber bem como. Engraçado, como o primeiro beijo é o mais desejado/ansiado de todos, mas aquele que determina o futuro imediato… aquele que aproxima o corpo da alma num ritual que é mais do que uma simples troca de fluidos e sensações… e ao mesmo tempo tem uma pressão tão grande inerente… se correr bem, as bocas tem dificuldade em separar-se, engolem-se urgentemente na ânsia do querer mais… se correr mal, separam-se meio sem jeito, evitando o olhar, com o silêncio a pesar mais do que antes, sem saber o que fazer ou dizer, aguardando que o tempo passe bem depressa.

Como um acto tão simples se torna tão complexo… Mas connosco não foi assim… não… passamos uma tarde a dois, meio sem jeito, com medo do antes, do durante e do depois… tanta era a vontade que houvesse um depois… que tolamente nos esquecemos de dar o primeiro passo ou quem sabe o evitamos propositadamente… e a noite chegou… trouxe até nós o cheiro do desconhecido… o brilho das estrelas ao acordar… o sorriso da lua para nos acompanhar… E somente aí… no silêncio da noite, sob o brilho das estrelas, envolvidos na escuridão da noite, sob a protecção da lua, só aí esse momento tão ansiado chegou… E aquele beijo tão desejado chegou poderoso, imponente e sôfrego, com mais amor, desejo, paixão e tesão do que teria se tivesse chegado horas antes… toda aquela tortuosa expectativa nada mais fez que aumentar os desejos, despertar os sentidos e pô-los em estado de alerta, nada mais fez do que tornar aquele acto simples, numa torrente de desejos esfomeados e acorrentados por tempo demais… Quem sabe talvez por isso a explosão que se fez sentir dentro de nós nos deixou em silêncio mais uma vez… mas desta vez num silêncio cúmplice, sentido, compreendido, fundido… em que nada mais era preciso dizer, já estava tudo subentendido… nossos olhares diziam tudo que precisávamos dizer… nossos corpos sentiam tudo que precisavam sentir e o tempo corria depressa sem se fazer notar… o dia já amanhecia, a noite chegava ao fim e nós ali abraçados sem querer saber do depois, do amanhã, até porque já era amanhã…

Separamo-nos a custo, afinal aquele primeiro beijo não se tinha ficado pelo primeiro, trouxe consigo o depois, a vontade, a loucura… trouxe consigo o amanhã e a certeza do incerto que se adivinhava estar a caminho, mas que agora se tinha tornado num incerto a dois… afinal aquele beijo, trazia consigo um depois.


texto por Isabel Reis
foto por Nuno Tavares
todos os direitos reservados

Prazeres

Meus… teus… nossos…

Chego-me perto de ti e tua voz treme, a tua respiração acelera e perdes-te no caminho. Encurto ainda mais a proximidade dos nossos corpos… já me sentes o cheiro no ar, já me sentes a respiração resvalar ao de leve em teu corpo, tua pele arrepia-se ao sentir-me.
Olho-te nos olhos e teu corpo vibra, estremece, enrijece… enlouquece… já não aguenta a tortura que a minha presença tão intensa lhe desperta.
Agarras-me então descontrolado, queres sugar-me a vida num só beijo, queres aplacar a loucura que o teu corpo sente num arrebate insano… E eu deixo-me ir… afinal… para quê lutar contra a urgência que eu mesma provoquei.

Deixo-me levar na tua loucura, paro de fingir que também não é minha, abro comportas e deixo o teu desejo entrar, para quem sabe o meu desejo sair… antes que ele que me ultrapasse os limites que lhe imponho, deixando-se arrebatar por urgências que não quero… assim paro e assumo que essas urgências também são minhas… assumo que esses desejos também são meus… encaro a realidade que me rodeia e assumo… “Vem, vem agora… traz teu corpo de encontro ao meu, deixemos que a noite tome conta de nós… porque o amanhã ainda demora e a noite é longa… e toda nossa”

por Isabel Reis
todos os direitos reservados

terça-feira, 30 de março de 2010

Sentimentos meus

Esta noite tomei uma decisão…

Por sentir demasiado a tua falta, a falta do teu corpo junto ao meu… de sentir o teu cheiro enquanto durmo, o calor do teu corpo na noite fria… cansada desta saudade que me domina tomei uma decisão. Estou aqui a ressacar-te, como um qualquer viciado, o meu corpo sente falta do teu, mais do que isso a minha alma é menos sem ti. Por isso hoje, depois de muito ressacar, depois de muito te sonhar, depois de dias inteiros a esperar-te tomei uma decisão. E senão consigo viver na lucidez sem ti, prefiro viver na loucura contigo.
Como tal, hoje vou deitar a cabeça na almofada, fechar os olhos e sentir-te aqui junto a mim mais uma vez. Vou imaginar que te deitas, que aconchegas o teu corpo junto ao meu, que me abraças, que me beijas e simplesmente dizes... "Boa noite amor"... Sim vou faze-lo mais uma vez, e mais outra, e todas as noites que tenho pela frente, para que a minha vida faça sentido como um dia já fez. Para acalmar o meu vicio e a tortura não ser tão grande.

Sendo assim, abraço o teu abraço que me abraça, aqueço-me no calor do teu corpo quente, beijo os teus lábios que me beijam, fecho os olhos e digo… “Boa noite também para ti meu amor.”

por Isabel Reis
todos os direitos reservados

Migalhas de Amor...

Migalhas de amor vadio Amor frio… escorregadio… Migalhas de amor pequeno Amor cruel… amor veneno… Migalhas de amor corrido ...