sexta-feira, 15 de maio de 2009

Trago no olhar...

Trago no olhar
O eco do grito que sufoco no peito
O silêncio de uma ausência... a minha.
A dor de uma ilusão... que és tu.

Trago no olhar
A lágrima que escondo num sorriso
A tristeza que ignoro, mas nem por isso vai embora...
A dor que escondo... mas não deixa de ser minha
Que carrego no olhar...

Trago no olhar o que me vai na alma
Uma realidade que teimo em não querer ver
Uma dor que recuso ser minha...
E num querer passar sem perceber
Esqueço um presente à minha volta
Não lembro que depressa vira passado
Que o futuro me espreita... já ali... ao virar da esquina
A um passo de virar presente
Só a dois de virar passado... o meu passado.
E sofro... sofro dobrado.

Sofro ao ignorar o sentimento
Que carrego num só olhar
De querer viver o que não é meu
Para esquecer o que realmente tenho
Uma vida... que é minha não tua.
Que eu comando não tu.

Sofro ao perceber que não vivi nem um nem outro
Sofro ao olhar o meu passado
E ver que perdi esse tal sorriso... aquele... o que me fazia feliz... o meu
Sofro porque o troquei pelo teu...

Sofro ao olhar a minha imagem
E por trás do olhar encontrar a tal lágrima
A que não deixei cair...
Sofro ao perceber que a ausência continua
Que na ânsia de lhe fugir... só a fiz crescer...
E então sofro... sofro pelo que trago no olhar.

Trago no olhar restos do que fui
Num nada que em mim restou
Trago no olhar uma certeza
Que ao fugir de quem era
Me esqueci para onde vou.

Trago no olhar o lamento
De descobrir que apenas fui
Mas já não sou.

Por Isabel Reis

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