sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Chegou a noite...


Chegou a noite… passei o dia inteiro à espera dela… à espera dos sonhos que ela me traz… sonhos salpicados de um azul quase negro… mas ainda assim azul… aconchegados numa lua que hoje se vestiu de algodão rosa e doce só para vir ao meu encontro…
Chegou a noite e eu deixei-me levar no embalo do seu chegar silencioso… dei ao mão ao seu sorriso, no sorriso de retorno… recebi o gosto do seu beijo demorado… sabia a morango com um ligeiro travo a canela… e… esqueci-me de entrar no sonho… já dei por mim a sonhar…
Chegou a noite regada a chocolate derretido em momentos curvilíneos de estradas percorridas sem sair do lugar… de horas perdidas num deserto de areia quente, mas sedutor… vazio de nada, tão cheio de tudo… onde a sede desperta a cada passo percorrido… mas somente o calor é capaz de a saciar…
Chegou a noite e eu que já esperava por ela abracei-a ao chegar… beijei-a ao de leve, afaguei-lhe os cabelos e sussurrei-lhe ao ouvido o quão bom é senti-la chegar… o quão bom é ouvi-la sorrir… o quão bom é pode-la tocar… o quão bom é faze-la sentir… sentir que estou cá quando ela chega… mas também quando não consegue chegar.



texto por Isabel Reis
foto por Filipe Carmo
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